quarta-feira, 24 de junho de 2009

Progresso?, por Ricardo C. Rocha

Sempre fui um torcedor de acompanhar jogos no estádio, mas também sempre tive prazer em assistir aos jogos pela televisão, pela experiência de analisar as partidas por todos os ângulos possíveis, os detalhes de cada jogada, a magia dos replays, coisas que só são possíveis devido à infinidade de câmeras que as emissoras utilizam nas coberturas esportivas.

Com a era digital, essa sensação está maximizada, pela qualidade nas imagens e dos aparelhos de LCD e Plasma.

Tudo seria uma maravilha, não fosse um pequeno detalhe: a variedade de tecnologias para transmissão de jogos vem fazendo com que a experiência de assistir jogos pela TV esteja cada vez menos emocionante.

Parece um paradoxo, mas não é: basta observar que em cada lance de perigo (ou de gol efetivamente) aparece algum vizinho vibrando antecipadamente.

Seria um visionário? Um vidente? Ou um simples telespectador com sinal de TV aberta ou analógica?

O sinal que vem da TV a cabo (ou via satélite, como a Sky), demora cerca de 2 a 3 segundos a mais para transmitir a imagem.

Pode parecer insignificante, mas para o futebol, é uma eternidade. Na quarta feira passada, estava em um bar com uns amigos, e havia uma única TV captando sinal aberto da Globo (enquanto as demais transmitiam o jogo via cabo).

Qual não foi a minha surpresa, quando alguns torcedores já gritavam “Gooool” enquanto o Marcelo Oliveira ainda nem havia cruzado a bola para o Jorge Henrique!

E na disputa pelo “mais ao vivo dos ao vivos”, o rádio leva imensa vantagem, por não necessitar da decodificação de sinal que os aparelhos receptores de TV a cabo necessitam.

Sorte daqueles que viveram na era do rádio, onde o gol acontecia ao mesmo tempo para todos, e cada um tinha sua própria imagem mental de um gol, que ficava mais ou menos bonito de acordo com quem o estava contando.

Provavelmente, muito mais bonito do que qualquer câmera da atualidade possa captar...

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Quanta hipocrisia...

Mais uma vez os caucasianos “civilizados” querem interferir no continente africano. Agora, têm intenção de proibir as Vuvuzelas – cornetas – bastantes comuns nos estádio de futebol da África do Sul, com a prerrogativa de que o objeto está atrapalhando a concentração daqueles que cultivam e enriquecem em demasia, através do esporte bretão.

Jornalistas holandeses e americanos, em cobertura da Copa das Confederações, torneio preparatório para a Copa do Mundo, chegaram a formalizar um protesto à FIFA, órgão máximo do futebol, cuja finalidade seria banir as Vuvuzelas dos estádios, com a alegação de que o instrumento não permite boa comunicação entre os profissionais da comunicação e organização do evento. Alguns canais de televisão, inclusive, têm manipulado a opinião pública, com argumentos de que as pessoas podem bater umas nas outras com o utensílio sonoro, que é de plástico. Ao mesmo tempo, alguns jogadores também aderem à controvérsia, como Xabi Alonso, volante espanhol, e Robinho, atacante do Brasil, que julgam a proposta da torcida africana impraticável, pois perturba e causa confusão quanto à comunicação em campo.

Diz o torcedor Mokaba Thekeli, em Pretória: “A Vuvuzela é a alma do torcedor de futebol da África do Sul; não podem tirar ela dos estádios".

Os jogadores, imprensa, comitê organizador etc., devem se adaptar às Vuvuzelas e as demais manifestações culturais existentes em África. Lá, as expressões são externadas principalmente por meio da música, da dança, dos sons, com significativa vivacidade e alegria, diferentemente da sobriedade e frieza dos costumes burgueses europeus. Chega de interferência, de manipulação. Respeito às práticas culturais!

Se a preocupação dos publicistas, desportistas e arranjadores da ordem estivessem relacionadas à possibilidade da violência entre os torcedores, porque ninguém discute a obrigatoriedade da venda de bebidas alcoólicas nas portas dos estádios, por determinação contratual da Budweiser, patrocinadora oficial da FIFA, já que está comprovado que homens bêbados quando estão em bando, em geral, procuram por briga?