sábado, 11 de julho de 2009

Carta da Frente de Defesa do Povo Palestino

"Aos torcedores do Corinthians,

A Frente em Defesa do Povo Palestino, que reúne mais de 50 entidades da sociedade civil brasileira, apoia e vê com muitos bons olhos a ida do Corinthians à cidade palestina de Ramallah, na Cisjordânia, para participar de jogo contra o Flamengo. Levar o esporte para uma zona de conflito e território ocupado, onde seus habitantes não têm garantidos seus direitos fundamentais, é uma iniciativa louvável.

A Cisjordânia – ao lado da faixa de Gaza e de Jerusalém Oriental – permanece ocupada pelo Estado de Israel desde 1967, uma ação ilegal, como reconhece a própria ONU (Organização das Nações Unidas). Ali, as crianças não podem estudar ou jogar bola livremente, pois, além de correrem riscos, são submetidas a bloqueios e mesmo toques de recolher que buscam determinar o curso de suas vidas. Mesmo assim, admiram e conhecem os jogadores brasileiros, que podem trazer alguma alegria a vidas em que a normalidade do cotidiano tem sido roubada.

Acreditamos que, além disso, o jogo Corinthians x Flamengo pode voltar os holofotes para o problema palestino e pressionar a uma solução justa. Assim, pleiteamos a que não permitam que a direção do clube ceda a eventuais pressões para que o mesmo jogo ocorra também em Israel, o que seria como igualar opressor e oprimido. E impedir que o futebol – que já parou até guerra – cumpra sua função social de fato. A torcida do Corinthians tem um papel importante para que seu time, que historicamente tem sido o time da massa, que prima pela democracia e liberdade, se recuse a jogar em Israel, enquanto este mantiver a ocupação criminosa sobre os territórios palestinos, que tem feito milhares de vítimas".
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É óbvio que o inicial interesse à promoção da partida entre Corinthians e Flamengo na Palestina não partiu das respectivas diretorias futebolísticas envolvidas; aproveitaram a proposta do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que tem o objetivo de instituir jogos de futebol com o propósito de busca paz - que inclusive já contou com Brasil x Haiti, em 2006, no Haiti - e já tramam ações de marketing que possam envolver as "estrelas" Ronaldo e Adriano. Mas, ao mesmo tempo, revela a relação e o imenso horizonte que o futebol exerce sobre a sociedade, muito mais abrangente que o medíocre discurso dos pseudointelectuais que relegam o esporte bretão a, simplesmente, ópio. O futebol, principalmente após o momento em que deixa de ser uma atividade ociosa e exclusiva de uma porção das elites urbanas e passa a prática popular, sobretudo a partir da década de sessenta, quando se dá o surgimento das torcidas organizadas a colorir as arquibancadas e instigar a paixão, o compromisso e a festa, selou seu comprometimento com os espaços construídos e utilizados coletivamente, além da esperança de ver no lazer um momento diferenciado de questionamento dessa realidade de construção de identidades sólidas.

sábado, 4 de julho de 2009

Após a conquista corintiana...

Por Frank Maia, chargista "A Notícia", de Joinville.