quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Ato Lilly Ledbetter

Hoje, Barack Obama assinou uma lei que iguala os salários entre homens e mulheres nos Estados Unidos, mesmo contando com a oposição dos republicanos conservadores. O tema “igualdade”, por sinal, já havia marcado o discurso de posse do democrata, quando fizera referência aos princípios fundadores do país e defendera o ideal de felicidade heterogêneo.

Lilly Ledbetter (ao lado de Obama), que dá nome ao projeto de lei, é supervisora da fábrica de pneus Goodyear, no Alabama. Ela processou a empresa por discriminação sexual, após descobrir que, por 20 (vinte) anos, ganhou US$ 6.500 a menos que o supervisor de menor salário da companhia. Pior! Na escala hierárquica, Lilly era chefe deste último.

"Ela fez seu trabalho por quase duas décadas antes de descobrir que ganhava menos que colegas homens. Ela teve perdas de U$ 200 mil em salário e ainda mais em pensão e benefícios sociais, perdas com as quais ela arca até hoje”, disse Obama, acompanhado por Ledbetter. Após, completou: “faço isso pelas minhas filhas, para que elas tenham oportunidades que sua mãe e avós não imaginavam ter”.

É evidente que esta história não se resume a Ledbetter. São milhões de mulheres no mundo que recebem menos que homens, ainda mais se estas forem negras, asiáticas, latinas etc.

Valeu Obama!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Estupro no futebol?


Robinho, ex- jogador de futebol do Santos e do poderoso Real Madrid, titular da seleção brasileira, hoje atuando no modesto Manchester City, é acusado de participar de um caso de abuso sexual contra uma jovem em boate de Leeds, norte da Inglaterra, há pouco mais de uma semana.

Alguns jornais mascaram, mas a acusação é de estupro.


No entanto, com seus bolsos cheios de libras, estas adquiridas de modo duvidoso por seu empregador, Robinho pagou fiança e foi liberado.


Nunca achei Robinho um grande jogador. Hábil, é verdade, porém bastante limitado. Finaliza mal com ambas as pernas, não sabe cabecear e é bastante individualista.

Contudo, lamentável o que tem feito com sua carreira. Primeiro, quando jogador do Santos, forçou sua saída ao Real Madrid, causando indigestão à torcida. Posteriormente, integrado em um sistema de rodízio no mais poderoso e glorioso clube de futebol do planeta, por razões mal explicadas, novamente forçou sua saída, a qual culminou na transação mais cara do futebol do Reino Unido, R$ 100,73 milhões. Esta última causou-lhe duras críticas do mundo futebolístico, pela razão de transferência de clube por dinheiro, apenas.


Se realmente culpado de crime tão desprezível, machista, torço para que fique preso por muito tempo.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Reflexão paulistana, por Tom Zé

São, São Paulo, quanta dor
São, São Paulo, meu amor

São oito milhões de habitantes
De todo canto e nação
Que se agridem cortesmente
Correndo a todo vapor
E amando com todo ódio
Se odeiam com todo amor
São oito milhões de habitantes
Aglomerada solidão
Por mil chaminés e carros
Gaseados a prestação

Porém, com todo defeito
Te carrego no meu peito

São, São Paulo, quanta dor
São, São Paulo, meu amor

Salvai-nos por caridade
Pecadoras invadiram
Todo o centro da cidade
Armadas de ruge e batom
Dando vivas ao bom humor
Num atentado contra o pudor
A família protegida
O palavrão reprimido
Um pregador que condena
Um festival por quinzena

Porém, com todo defeito
Te carrego no meu peito

São, São Paulo, quanta dor
São, São Paulo, meu amor

Santo Antonio foi demitido
E os ministros de Cupido
Armados da eletrônica
Casam pela tevê
Crescem flores de concreto
Céu aberto ninguém vê
Em Brasília é veraneio
No Rio é banho de mar
O país todo de férias
E aqui é só trabalhar

Porém, com todo defeito
Te carrego no meu peito

São, São Paulo, quanta dor
São, São Paulo, meu amor

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Cesare: veni, vidi, vici



O agora renovado escritor italiano Cesare Battisti se disse “aliviado” a respeito da aprovação de concessão de asilo político ao qual foi submetido, por intermédio do lúcido ministro da Justiça Tarso Genro.

Nosso irresponsável presidente, à imprensa internacional, igualmente afrontou a Constituição e o Estado de direito italiano, ao dizer: "Precisamos aprender a respeitar as decisões soberanas de cada país. Pode até não concordar, mas tem que respeitar".

Battisi foi condenado à prisão perpétua na década de 70, após assassinatos e comportamento cúmplice em desfechos semelhantes, quando ligado ao grupo clandestino “Proletários Armados pelo Comunismo” (PAC). Em uma dessas articulações, foi explodido um trem em Bolonha, resultando na morte de centenas de civis.

Alguns especialistas em Direito estão perplexos com a leitura equivocada de Genro sobre o caso. O Ministro desvaloriza a decisão do Estado Italiano por entender que está amparado pelas “leis de exceção”. Contudo, confunde-as com as emergenciais, as quais acarretam nas tão discutíveis reformas administrativas. Se tal entendimento fosse correto, a legislação brasileira, tão modificada em virtude da escalada do crime organizado, teria sido alterada com base nas “leis de exceção”? Não compete a Genro, um mero Ministro da Justiça, cassar, desconsiderar ou caracterizar como nula a decisão da Justiça italiana.

Só consigo enxergar a existência de uma esquerda saudosista e atrasada, pela razão de um dos advogados de Battisti ser Luiz Eduardo Greenhalgh – político vinculado ao PT, ex-vice-prefeito de São Paulo na administração de Luiza Erundina e envolvido com Daniel Dantas, suspeito de tráfico de influências – além da atual gestão italiana ser coordenada pelo conservador, fascista, Silvio Berlusconi.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Em Gaza...




Após 14 dias de ataques incessantes sobre o território palestino, Israel e o grupo radical islâmico Hamas recusaram a resolução proposta pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) para um cessar fogo na região. A proposta foi articulada pelo Reino Unido, com a colaboração da França e outros países árabes.

Enquanto os judeus argumentam que terceiros jamais determinarão seus direitos de defesa de suas cidadanias e que o exército continuará sua operação com o propósito de defesa da população israelense, os radicais do Hamas alegam que a resolução do Conselho não considera o interesse palestino. Contudo, tais líderes não consideram o elevado número de mortes de civis. Até o momento, 760 palestinos perderam o direito de viver.

Não acho que os judeus, agora no ataque, são nazistas, como muitos andam escrevendo por aí, até porque, tal afirmação, equivocadamente, minimizaria a conduta nazista e maximizaria o comportamento israelense. Fica claro também que tal conflito religioso ocorre em detrimento da criação do Estado judeu em 1948, pela ONU, depois do fim do holocausto, como uma retaliação à população que fora estraçalhada. Não obstante, a partilha do espaço até então palestino, evidentemente, não agradou a população árabe e, de lá para cá, vários conflitos acerca desta questão foram travados: em 1967, Israel ocupa Gaza; ataque árabe sobre Israel no dia de “Yom Kippur”, em 1973; surgimento do Hamas, em 1992, de cunho religioso; construção de um muro entre as populações por parte de Israel, em 2004.

Enquanto isso, conflitos internos na Palestina sacudiam a organização do país. Em 2006, o Hamas vence as eleições e passa a atirar mísseis em Israel. Ao mesmo tempo, americanos e judeus desconsideram o resultado da eleição por julgarem os vencedores terroristas e contra atacam. Porém, com auxílio do Hezbollah, os radicais saem vitoriosos. Um ano mais tarde, o Hamas aplica o golpe sobre Fatah – grupo laico político palestino – e assume Gaza. Enquanto isso, o Fatah mantém o controle da Cisjordânia e passa a estreitar relações com Israel.
Desta vez, o combate está centralizado sobre o fechamento de uma passagem subterrânea por Israel, a qual servia de acesso do Hamas a armas vindas do Egito, com a finalidade, provavelmente, de ataque ao judeus.

No entanto, apesar da luta ser "compreensível", a ofensiva israelense atua com extrema violência e hostilidade contra milhões de civis, em um espaço de direito quase universal, em virtude da ligação sagrada que parte das religiões mundiais têm com o local. Os judeus possuem um exército extremamente qualificado e bem armado, com inteligência avançada etc.; assim, porque avançar sobre os citadinos, já oprimidos pela miséria da região? É verdade que os líderes “terroristas” do Hamas, financiados pelos patronos da Síria e Irã, se escondem dentro da população. Mas, e a inteligência tão discutida, tão ostentada?


O combate contra o Hamas, que argumenta defender os direitos palestinos, deve ocorrer de outra forma! Que os judeus convoquem os europeus, os sul-americanos, asiáticos, e discutam tal ação, de maneira diplomática, de modo que tais negociações garantam um novo posicionamento entre os envolvidos; mas que não conversem com os Estados Unidos, os quais só sabem disparar mísseis, bombas e que, inclusive, foram os únicos a votar contra a Resolução de cessar fogo proposta pela ONU.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Municípios brasileiros...

A pesquisa realizada pela ONG “Transparência Municipal” a respeito do perfil dos prefeitos (as) eleitos (as) em 2008 que assumiram e/ou reassumiram suas respectivas prefeituras em 1º de janeiro de 2009, revelou dados interessantes. Dos mais de 5.563 prefeitos (as) que foram empossados (as), 514, ou 9,24% destes, não possuem o ensino fundamental concluído.

Segundo a mesma pesquisa, a maioria destes indivíduos ocupará o cargo em municípios de até 5.000 habitantes, o que revela, ao mesmo tempo, que quanto maior o município, maior a necessidade e grau de instrução daquele que lá quiser palpitar.

Por isso, nosso esforçado presidente é uma rara exceção.

O desânimo também se reflete em relação à participação feminina. Apenas 8,99% de mulheres ocuparão tais cargos entre 2009 e 2012.

Tais dados, inegavelmente, revelam a existência de inúmeros paralelos acerca do processo eleitoral brasileiro e mundial: desde as primeiras organizações sociais de que se têm informações, as “repartições públicas” destinadas à gerência das cidades estado, eram coordenadas por homens. E, no século XXI, ainda são reais os resquícios comportamentais desiguais de milhares de anos. São os partidos que não cedem espaço, é a mídia que não apóia, são os eleitores que desconfiam...

Quanto ao nível de instrução dos eleitos, ou o candidato “burro” não se atreve a ingressar em uma grande cidade, ou o “inteligente” é arrogante o suficiente para não concorrer a um pequeno município brasileiro. Todos querem os grandes orçamentos e flashes oriundos dos maiores municípios, em contrapartida do esquecimento e obscuridade “caipira”. Contudo, eles não sabem, ou fingem não saber, que as reformas começam por baixo, por onde é mais fácil, justamente pela razão do problema ser mais superficial.