quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Oásis

Sobre a candidatura a Presidência da República em 2010:

"O PMDB está se oferecendo para ver quem paga mais e quem ganha mais. O PMDB rendeu-se à política de quem paga mais. Eles ficam esperando para ver quem paga mais, seja a Dilma Roussef (Casa Civil – PT), seja José Serra (PSDB-SP)", disse Pedro Simon (PMDB-RS).

A declaração do senador ratifica, infelizmente, o discurso do também senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) sobre os caminhos políticos adotados pela legenda. Jarbas afirmou em entrevista concedida à revista VEJA que o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. "É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos".

O PMDB aprendeu a cobrar por seus “serviços”. No governo Fernando Henrique o partido já havia conseguido alguns cargos por intermédio desses procedimentos contestáveis. E, no governo Lula, chegou ao ápice, garantindo a governabilidade da situação, em função de possuir a maior bancada na Câmara e no Senado. Detém seis ministérios: Comunicações, Saúde, Minas e Energia, entregues ao Senado e Integração Nacional, Defesa e Agricultura, dados à Câmara. Desse modo, a legenda comanda R$ 251 bilhões do orçamento.

Faço força para acreditar que alguns ainda miram o prestígio político e o bem comum da população. Mas, segundo tais declarações, a maioria dos peemedebistas, lamentavelmente, se especializou na prática da manipulação de licitações, nepotismo e corrupção.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Um dia para esquecer

Por intermédio da morte de meu avô, fui “obrigado” a presenciar algo que me provocou repúdio.

O admirador de sambas, especialmente quando estes envolviam o nome de Ivone Lara e Cartola, João Blanco, veio a falecer às 23h deste último sábado de carnaval. Desse modo, os procedimentos macabros do catolicismo ocorreram hoje, durante todo o dia. Vou tentar expô-los de modo isento, apesar do enorme castigo que representa perder alguém querido.

Primeiramente, o falecimento ocorreu em Aparecida do Norte, município do interior do Estado de São Paulo. A cidade fica a 200 quilômetros da capital e abriga a Basílica Nacional – um marco para os católicos, como meu avô. Assim, quando lá estivemos, eu, mãe e tio, para buscarmos o corpo, na madrugada de domingo, nos deparamos com o absurdo dos valores que envolvem o procedimento. Transporte para a capital, caixão, flores, formol. R$ 2.000.

Se não bastassem, era necessário realizar exumações para haver espaço no jazigo e, enfim, poder enterrar o corpo. Logo, mais grana para o comércio funesto. R$ 500 para exumação e mais R$ 800 para o enterro.

Assim, começou a velação do corpo, fragmento do processo que provoca mais rejeição, desdém, juntamente ao enterro. Será que estes rituais são necessários? Um ambiente fechado, pouco ventilado e mal cheiroso; as cruzes e a ostentação que a posição social do morto permite; o padre, sisudo, que fica de plantão proferindo o mesmo discurso o dia todo; dezenas de parentes chorando ao redor do caixão e assistindo ao trabalho dos coveiros etc. Extremamente pesado, denso, capaz somente de fortalecer o sofrimento dos mais próximos, até exaurirem suas lágrimas.

E a caminho do túmulo pude, realmente, perceber o caráter social, hierárquico, de um cemitério. É impressionante a busca da singularidade através das tais “artes tumulares”. Lado a lado, túmulos “monumentais”, cheios de pompa, com lajotas brilhantes escritas a ouro, com direito a fotos e todo tipo de representação social, e túmulos simples, como o de meu avô, apenas revestidos a cimento. Como se não fossem todos para o mesmo lugar, para as entranhas dos animais que habitam a terra!

No fim, perdi a exuberante companhia de meu parceiro no samba, na vida e acumulei asco, náusea, aversão à Igreja Católica e todo seu entorno.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Mais bocas e menos comida

Segundo a PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), pela razão da combinação de fatores relacionados às mudanças climáticas, à degradação gradativa do solo e a escassez de água potável no mundo, a produção de alimentos no mundo poderá cair até 25% em 40 anos, enquanto, paradoxalmente, a população do planeta tem potencial para acumular mais 2 (dois) bilhões de pessoas.

O relatório aponta que a produção mundial de cereais permanece estagnada e a de pescados tem diminuído progressivamente. Se não bastasse, os aumentos nos preços dos alimentos, verificados em 2008, foram suficientes para lançar mais de 110 (cento e dez) milhões de humanos na linha da miséria. E, para piorar, o estudo alerta para a possível elevação dos preços de 30% a 50% nas próximas décadas, quando a população mundial poderá beirar a casa dos 9 (nove) milhões de habitantes.

Contudo, uma notícia animadora, apesar da constatação da irresponsabilidade e negligência: metade da comida produzida no mundo é desperdiçada, em razão da ineficiência de políticas públicas capazes de conscientizar a população, a qual, igualmente, também tem culpa.

“Precisamos lidar não apenas com a forma como o mundo produz alimentos, mas também com o modo como eles são distribuídos, vendidos e consumidos. Há evidência no relatório de que o mundo poderia alimentar todo o crescimento populacional projetado apenas se tornando mais eficiente, o que também garantiria a sobrevivência de animais, pássaros e peixes”, disse um porta voz.

O mundo capitalista instituiu o pensamento particular, a idéia do lucro, mas de distribuição ineficaz. Não há meio de romper com tais articulações, estruturas econômicas bastantes sedimentadas que privilegiam grandes nomes, oligarquias, empresas, corporações e favorecem, dão combustível às politicagens e tráficos de influências tão conhecidos, discutidos e, no entanto, invencíveis. Dentro das bases estabelecidas, talvez a redução dos commodityes facilitassem a possibilidade de melhor distribuição desses alimentos. Ou até, quem sabe, a criação de estoques, os quais poderiam ser úteis em momentos agudos.

Quanto às estratégias para se evitar uma grave crise alimentar, desconheço-as. Só vou na onda de especialistas de cunho humano, social. Porém, tenho certeza de que tal crise vai chegar e triunfar, inevitavelmente, sobre os mais pobres!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Barbárie Brasil, por Juca Kfouri

O cara que matou meu pai, em 1985, depois de uma tentativa de assalto, tinha vários roubos nas costas, tinha sido condenado, preso, mas estava em regime semi-aberto. Ficou preso até 1999 depois de assassinar um Procurador de Justiça e voltou ao regime semi-aberto. Três anos atrás foi preso outra vez, sabe-se lá até quando.
No Brasil é assim.
As coisas são recorrentes, se repetem, por mais absurdas que sejam.
E não adianta culpar a PM, a Justiça, o Congresso Nacional, o presidente, o governador ou o prefeito, nem os torcedores uniformizados.
Resta constatar que isto é Brasil, o país que viu ontem, além de mais uma morte de torcedor e mais de 40 feridos, 59 ônibus depedrados em Belo Horizonte depois do clássico no Mineirão, além de tiros na saída do Maracanã.
Porque vivemos num país em que ainda há trotes violentos até em universidades ditas de respeito.
Esperar o que de nós mesmos?
Nós somos inúteis!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Modo de produção capitalista!

Li no blog de José Saramago, que na China, as penas dos travesseiros que envolvem as cabeças pensantes (?) dos cidadãos, mundanos, modernos, são extraídas de modo vil, cru, sem qualquer estrutura que preze pela possibilidade de diminuir a dor do pobre animal.

Ao ler, lembrei de algumas discussões sobre o conceito “vegetariano”. Alguns alegam a escolha pelo modelo alternativo em função da “barbárie” em que aves, patos, galinhas e bovinos são submetidos para satisfação e gozo humano. Quanto a isso não há discussão. Soube que os patos, postos em sexteto em gaiolas de 4 metros quadrados, antes de sacrificados, cortam-lhes os bicos para que os mesmos não se matem antes da hora.

Contudo, pergunto: Qual a diferença de se matar animais e plantas? Vale desmatar enormes áreas de florestas ou matas menores, mas não menos importantes, para a plantação de soja, por exemplo? Pior! Com a alegação de que a demanda por alimentos no mundo e no Brasil cresceram, necessitando assim a dita ampliação. Será mesmo? Mino Carta afirma que apenas 5% da população brasileira possui salário superior a R$ 800.

O problema é o modo de produção capitalista pós-moderno! Ele é responsável pela matança geral, pela proliferação dos frigoríficos e modos similares de acúmulo de renda. Os frangos que comemos, para espanto de alguns, são pintinhos. Quando o frango ou galinha atingem a idade de 01 (um) ano, a pele torna-se rosada! Mas qual o problema? Compramos congelados, limpos, no supermercado.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Postura tricolor

Considero válida a decisão do São Paulo de destinar aos visitantes de seu estádio, apenas 10% da carga de ingressos.

Ainda mais pela razão do amparo legal e das conhecidas promoções e políticas mercadológicas promovidas pela competente gestão administrativa tricolor.

Contudo, rompeu-se com uma tradição.

É evidente também que ausência da fiel comprometerá a renda da partida.

O valor dos ingressos também é salgado: R$ 90 (inteira) / R$ 45 (meia). Um absurdo para o paulistano, em média bastante pobre.

Ao Corinthians, resta aplicar a lei quando o mando de campo for seu, e colocar a torcida são-paulina em um cantinho qualquer, lá no Pacaembu.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A caminho da moralidade







Finalmente, Edmar Moreira (DEM-MG), renunciou ao cargo de segundo vice presidente da Câmara dos Deputados e, consequentemente, ao título de corregedor, após intensa pressão pública acerca de explicações sobre o castelo de 36 suítes no interior de Minas Gerais, avaliado em R$ 25 milhões, não declarado à justiça eleitoral.

O deputado ainda é investigado, pelo Supremo Tribunal Federal, por apropriação ilegal de contribuições do INSS feitas por seus empregados.

Importante salientar que a função de corregedor, na Câmara, é responsável por encaminhar à Justiça pedidos de investigação contra parlamentares que supostamente ferissem a Constituição e exige, obviamente, um currículo isento de improbidades.

Agora pasme! Moreira, quando assumiu o cargo há uma semana, disse à imprensa: “A função de corregedor é muito complicada, pela razão de sermos responsáveis [sic] por investigar companheiros, amigos de longa data”.

Em comunicado oficial, Moreira disse: “Minha vida sempre foi pautada pela transparência e em total consonância com os princípios democráticos. O que era para ser um momento de alegria vem se tornando uma sangria desatada, pautada em mentiras, inverdades, jogo de retóricas, que resultam em ataques sem qualquer respaldo empírico e de forma indiscriminada, extrapolando os limites da natureza humana”.

Você acredita nele?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Davos, por José Saramago

"Tenho lido que a reunião de Davos este ano não foi precisamente um êxito. Faltou muita gente, a sombra da crise gelou sem piedade os sorrisos, os debates foram faltos de real interesse, talvez porque ninguém soubesse bem o que dizer, temendo que os factos concretos do dia seguinte viessem a pôr em ridículo as análises e as propostas com muito esforço engendradas para corresponderem, nem que fosse por uma mera casualidade, às mais que modestas expectativas criadas. Sobretudo fala-se muito de uma inquietante falta de ideias, indo até ao ponto de admitir-se que o “espírito de Davos” tenha morrido. Pessoalmente nunca me apercebi de que pairasse por ali um “espírito”, ou algo mais ou menos merecedor dessa designação. Quanto à alegada falta de ideias, surpreende-me que só agora se lhe tenha feito referência, uma vez que ideias, o que, com todo o respeito, chamamos ideias, nunca dali saiu uma só para amostra. Davos foi durante trinta anos a academia neo-con por excelência e, tanto quanto posso recordar, nem uma só voz se ouviu no paradisíaco hotel suíço para apontar os caminhos perigosos que o sistema financeiro e a economia haviam tomado. Quando já se estavam semeando ventos ninguém quis ver que vinham aí as tempestades. E agora dizem-nos que não há ideias. Vamos ver se elas surgem, agora que o pensamento único não tem mais mentiras para oferecer-nos".