terça-feira, 28 de outubro de 2008

"Feios, sujos e malvados", de Ettore Scola (1976)





Acabo de rever, pela quarta vez, a fita "Feios, sujos e malvados", de Ettore Scola. É a evidência de uma condição social perturbadora, pois revela o cotidiano miserável e favelado dos resquícios da Segunda Grande Guerra. No entanto, apesar da simultânea associação ao Neo-realismo, a fita ultrapassa a proposta clássica, pelo utilização incrementadora e irônica do humor, do riso incontido provocado no espectador através da exacerbação dos conflitos de extrema feiúra e crueldade, de um estilo feliniano.

Ettore exerce um controle descomunal em todo o processo fílmico, mas principalmente em relação a decupagem, misé-en-escene e direção de atores. A primeira cena, à Ettore, é a apresentação do nicho explorado. O barraco de aproximadamente 40m² é povoado por, no mínimo, 20 indivíduos, amontoados, maltrapilhos e dotados de modos condenados pela estrutura burguesa - principal alvo da cinematografia deste diretor. Há vagabundos, prostitutas, travestis, velhos, velhas, mães, irmãos, crianças, cachorros, ratos, motocicletas etc.

É neste "oásis" que a trama se desenrola. Giacinto (Nino Manfredi), grande ator da comédia italiana, detém um dinheiro ganho pelo seguro após acidente ocular e por isso, imagina que seus parentes querem roubá-lo. Entretanto, Giacinto é enfático quanto à proteção de sua "grana" e à leitura da possibilidade de aquisição de seu bem por parte da linhagem esfarrapada. Desse modo, anda munido de uma arma de grosso calibre, com a qual dispara contra todos sem argumentos e prerrogativas.

Assistam este e outros filmes de Scola, seguramente um dos políticos cineatas!

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá amigo. Sou grande fã do cinema italiano, e já a algum tempo estou procurando este filme em portugues ou com legendas em port. pela rede mas não obtive sucesso. Se tiver um link seguro de onde posso baixar o filme apreciaria a ajuda. semirbisinella@hotmail.com
Grato