terça-feira, 2 de dezembro de 2008

E agora Dantas?

Por mais incrível que possa parecer, o juiz Fausto Martins de Sanctis, da 6ª Vara Criminal, após quase cinco meses de investigações, acusações e retaliações, enfim, acaba de condenar o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, a dez anos de prisão, sob alegação de crimes de gestão fraudulenta e corrupção.

As investigações começaram a partir dos desdobramentos referentes ao caso Mensalão, quando empresas como a Telemig e Amazônia Celular, até então controladas pelo grupo Opportunity, apareceram como financiadoras do Valerioduto – repasses de recursos a parlamentares e integrantes do governo e de empresas privadas em troca da liberação de recursos federais – montado pelo publicitário Marcos Valério.

O imbróglio ficou pior quando o até então delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiróz, responsável pela condução da investigação Satiagraha, foi questionado sobre os métodos utilizados durante a primeira prisão de Dantas, do investidor Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta (PTB), em julho corrente, quando estes foram flagrados algemados pelas câmeras globais. Assim, indagou-se acerca do possível descumprimento do manual de procedimentos da PF e o vazamento de informações, pois se dizia, à época: “O que custa botar bonés nos suspeitos?”

O clímax se deu com o afastamento de Protógenes, o qual argumentou, sem convincência, de que sua saída do caso ocorreu em função do constante, e necessário, aprimoramento profissional. Contudo, após o término do curso o qual fora obrigado a realizar, até retomou suas atividades na PF, mas foi mantido distante da Satiagraha. Por que será?

O Banco Opportunity é caracterizado por oferecer serviços relacionados à administração de recursos de terceiros. Quanto aos haveres próprios, Dantas, que possui título de Doutor em Economia pela FGV (Faculdade Getúlio Vargas) e de Pós-Doutor no Instituto Tecnológico de Massachusetts, coordena seus funcionários – a maioria familiares – de realizarem apenas operações compromissadas, ou seja, sem risco, a partir de títulos públicos federais, os mais seguros, evidentemente.

Juntamente a Dantas, foram condenados o consultor Hugo Chicaroni e o assessor de Dantas, Humberto Braz a sete anos de prisão. De acordo com a denúncia, os três tentaram subornar o delegado da PF Victor Hugo Rodrigues Alves, quando ofereceram US$ 1 milhão para excluir o nome de Dantas e alguns familiares da investigação.

Segundo o juiz: "O acusado não cessa: insiste, alardeia, ilude e intimida, e mais, desvia o foco, ações típicas de alguém que deseja a qualquer custo encerrar a presente ação penal, com a destruição da Operação Satiagraha, que provocou muita reflexão deste juízo para a tomada de decisão", diz De Sanctis em sua decisão, se referindo a Dantas. "[...] Além do irrenunciável sentimento de desprezo pelas instituições públicas brasileiras, revela, outrossim, intensidade de ação dolosa na prática de crime contra a administração pública [...]."

No entanto, todos poderão apelar à decisão judicial em liberdade, em virtude da jurisdição não ter expedido mandado de prisão.

De todo modo, enfim, caminhamos em direção à moralidade pública!

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