segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Título manchado?





O mais novo e polêmico caso de arbitragem no futebol brasileiro aconteceu sábado, véspera da rodada final do Campeonato Brasileiro de 2008, quando seria, como foi, decretado campeão, participantes da Libertadores da América e Sul-americana e rebaixados à Série B da competição nacional de 2009.

Nesta data, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) recebeu uma denúncia do Ministério Público sobre a possibilidade de manipulação do resultado da partida entre São Paulo e Goiás, que ocorreria em Gama, Distrito Federal. Soube porque houve a intercepção de um envelope supostamente endereçado a Wagner Tardelli, árbitro de futebol o qual, previamente, fora definido em sorteio para sentenciar o tal jogo. O envelope continha, hipoteticamente, uma quantia em dinheiro e ingressos para o show da Madonna, o qual ocorrerá nas dependências do estádio do Morumbi, em São Paulo.

Segundo Juca Kfouri, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, teria sido alertado não pelo Ministério Público, mas pelo presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), Marco Polo Del Nero, com quem, o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, se dá apenas formalmente. O que se sabe, é que Reinaldo Carneiro Bastos, vice-presidente da FPF, pediu ingressos para o show da Madonna. Assim, a diretoria são-paulina os mandou, devidamente protocolados, como cortesia. Contudo, Marco Polo Del Nero, presidente da FPF e palmeirense fanático, ao descobrir, ligou para Ricardo Teixeira, pois, segundo uma fonte na CBF, "o São Paulo sempre faz essas coisas, que não deveria, ainda mais na véspera de uma decisão”.

Não obstante, nos meios do futebol sempre se comentou a pouca amizade entre o presidente e vice da FPF, Merco Polo e Carneiro Bastos. O conflito entre os cartolas começou quando o até então presidente Eduardo José Farah, incomodado com o encalço dos Oficiais de Justiça da CPI do Futebol, se desligou da entidade, para, finalmente, curtir sua pomposa aposentadoria. Assim, Farah seria substituído por Bastos, em comum acordo com Del Nero que, por ser mais velho, teria o direito estatuário da sucedê-lo. No entanto, Del Nero não cumpriu o que fora articulado e assumiu. Desde então, a relação é de mera convivência e, talvez por essa razão, que Del Nero achou plausível descortinar a próxima relação entre Juvenal Juvêncio e Carneiro Bastos.

De acordo com apuração da Folha, dirigentes da FPF, que não falam oficialmente pela entidade, afirmam que a secretária do presidente tricolor telefonou para a secretária de Del Nero a fim de entregar ingressos do show da cantora Madonna para convidados da FPF, dentre eles, Wagner Tardelli.

Lembremos que Bastos, inclusive, fora acusado por Edílson Pereira de Carvalho, em 2005, por pressioná-lo à manipulação de resultados daquele campeonato nacional, vencido pelo Corinthians, de maneira igualmente polêmica.

Ricardo Teixeira, desse modo, aconselhado pelos seus atrapalhados consultores midiáticos, afastou o árbitro Wagner Tardelli da partida entre São Paulo e Goiás, com o propósito de transpassar, ao menos simbolicamente, a idéia de moralidade pública. Porém, após o novo sorteio da arbitragem, o tricolor paulista chiou. Emitiu gritos agudos porque o novo juiz, Jailson Macedo Freitas, da Bahia, foi o único, durante todo o campeonato, a marcar um tiro livre indireto por seis segundos de retenção de bola da parte de um goleiro no Brasileirão 2008. Marcou em favor do Grêmio, no Olímpico, em jogo que o tricolor gaúcho perdia por 1 a 0 para o Figueirense e empatou o jogo como fruto da cobrança da falta, que não aconteceu.

Na ocasião, escreveu Juca Kfouri em seu blog: "Enquanto o tricolor paulista ganhava bem, o Grêmio sofria um gol do Figueirense aos 8 minutos do primeiro tempo e só empatava no fim do primeiro tempo, graças à invenção do árbitro que viu o goleiro catarinense ficar mais de 6 segundos com a bola, coisa que ninguém marca, mas, pior, coisa que não aconteceu".

Escândalos envolvendo arbitragem no futebol brasileiro não são, em hipótese alguma, novidade. Apenas na gestão Teixeira, somam-se ao mais recente, o “caso Ivens Mendes”, o “caso Loebeling” e o “caso Edílson”, todos com desfecho em marmelada. Quanto a esta última acusação, esperemos as apurações e uma resolução próxima da moralidade e ética esportiva.

No fim, o São Paulo, com erro de arbitragem, sagrou-se tricampeão consecutivo, contabilizando sua sexta conquista nacional. Não afirmo, de modo algum, que houve interferência externa no erro do bandeira que validou um gol são-paulino, ainda no começo do primeiro tempo, que estava muito, mas muito irregular, já que o atacante Borges se encontrava há 1,31m em impedimento, em um lance definido como de fácil interpretação pelos cronistas e ex-árbitros de futebol que figuram nas mesas redondas de domingo à noite. Mas essa coincidência, sem dúvida, revela uma extrema ironia do destino e talvez contribua a manchar a conquista são-paulina de 2008.

Nenhum comentário: